A SABER

O Banco D. João de Castro é um grande vulcão submarino localizado nas coordenadas geográficas 38° 14' 0" N e 26° 38' 0" W, sensivelmente a meia distância entre as ilhas Terceira e São Miguel, no arquipélago dos Açores. 

Descrição
A formação delimita as regiões norte e sul da fossa Hirondelle e insere-se num alinhamento vulcano-tectónico subsidiário do rift da Terceira, constituído por uma série de falhas normais e cones vulcânicos de orientação 145º NNW-SSE que se desenvolvem desde o sul da ilha de Santa Maria até à Dorsal Média do Atlântico a noroeste da ilha Graciosa.

O edifício vulcânico é constituído por escoadas lávicas e depósitos vulcanoclásticos submarinos sobrepostos e tem o seu cume a apenas 12 metros abaixo do nível médio do mar. A região central do vulcão é ocupada por um extenso campo fumarólico que emite grande quantidade de gases que borbulham até à superfície do mar. Actividade sísmica continuada na região faz prever que uma nova ilha poderá formar-se num futuro não muito distante.

No flanco noroeste do vulcão existem dois cones parasitas, ambos com cerca de 90 x 45 m de dimensão. A cratera mais recente está recoberta por uma superfície constituída por um lago de lava solidificada marcado por fracturas de contracção poligonais, enquanto a cratera mais antiga, menos distinta por estar modificada pelo tectonismo local, está recoberta por depósitos de tefra.
O Banco D. João de Castro é sísmica e vulcanicamente muito activo, com formas secundárias de vulcanismo muito evidentes que se traduzem em numerosas fumarolas e nascentes termais submarinas e num gradiente geotérmico muito elevado. São comuns as crises sísmicas centradas neste vulcão, prolongando-se por algumas semanas e produzindo muitos milhares de sismos, em geral de pequena intensidade, alguns dos quais são sentidos com intensidade II/III da escala de Mercalli no sueste da Terceira e na região oeste da ilha de São Miguel.

A última grande erupção no banco D. João de Castro ocorreu em Dezembro de 1720 e formou uma ilha sensivelmente circular, com cerca de 1,5 km de diâmetro e 250 metros de altura. Aquela erupção foi muito intensa, causando múltiplos sismos sentidos na Terceira e em São Miguel e originando um clarão nocturno visível de ambas as ilhas. O mesmo acontecia com a coluna de cinzas e vapor de água, que se avistava durante o dia a partir das ilhas vizinhas. O paroxismo da erupção parece ter ocorrido em torno do dia 31 de Dezembro de 1720, dia em que se sentiram grandes estrondos e múltiplos sismos. A erosão marinha depressa a reduziu consideravelmente, de tal forma que em 21 de Julho de 1722 o Conselho da Marinha foi informado de que a ilha tinha desaparecido, embora haja notícias de registos visuais posteriores. Após quase dois séculos de acesa disputa quanto à existência ou não da ilha ou de um baixio dela resultante, a 28 de Julho de 1941, o navio hidrográfico português D. João de Castro descobriu o baixio, ao qual foi dado o nome do navio. Uma intensa crise sísmica ocorrida em 1997 parece indicar ter ocorrido uma pequena erupção naquele ano.[1]

Os fundos marinhos e as águas em torno do Banco D. João de Castro exibem uma grande biodiversidade, com cerca de 220 espécies identificadas e um índice de Margalef de 8,7.[2]

 São comuns espécies como a patruça, o peixe-porco, a jamanta, a cavala-da-Índia e a bicuda. A macroflora dominante é constituída por um tapete de Sargassum sp. Esta riqueza biológica e a singularidade das formas de vulcanismo submarino que exibe justificaram que o Banco fosse designado como Sítio de Interesse Comunitário (com o código PTMIG0021) no âmbito da Directiva Habitats e integrado na Rede Natura 2000 da União Europeia.


Cortesia Lúcio Toste Melo 

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